quinta-feira, 20 de junho de 2013

A palavra é de... Carlos Brickmann

Rigorosa hostilidade

O governador Alckmin, o prefeito Haddad, o secretário da Segurança Grella, todo mundo pode garantir à vontade que os excessos cometidos pela Polícia na repressão aos manifestantes paulistanos serão investigados em rigorosos inquéritos, que os jornalistas agredidos, presos ou feridos foram vítimas das circunstâncias, não de hostilidade deliberada, que os culpados serão exemplarmente punidos na forma da lei, essas coisas que autoridade adora dizer para ganhar tempo até que todos esqueçam o que aconteceu.

Mas o fato é que os ataques a jornalistas podem ter sido fortuitos em um caso ou outro; na maioria, não o foram. A prisão do rapaz que carregava vinagre na mochila é grotesca. Vinagre serve para fazer bombas? OK, este colunista, absolutamente ignorante, aceita a palavra oficial. Mas fabricar explosivos a partir de vinagre no meio da rua, durante confrontos com a Polícia, tendo de fugir de balas de borracha e de bombas de efeito moral? Aí fica difícil acreditar, secretário Grella! Não dá para levar a sério uma informação dessas, governador Alckmin! Não se pode sequer pensar que uma besteira dessas possa passar pela cabeça de alguma pessoa racional, prefeito - puxa, como é mesmo que ele se chama?


Hostilidade rigorosa
O problema, para esse pessoal da política, é que não perceberam uma pequena mudança no mundo que faz uma grande diferença para as histórias da carochinha que estavam acostumados a impingir aos cidadãos. A mudança é o avanço da eletrônica. Os fatos são fotografados, filmados, gravados. Aí vem o engravatado (e manicurado, e esmeradamente penteado) e conta uma versão que não bate com as imagens nem com a gravação. Não pega, não gruda, não cola.

Há fotos e vídeos de agressão a jornalistas que demonstram que, sem dúvida, foram escolhidos deliberadamente para o espancamento. Um fotógrafo, com imensa máquina fotográfica, com aquele colete especial de fotógrafo cheio de bolsos e com tiras refletoras, não terá sido identificado como fotógrafo pelo policial que lhe jogou spray de pimenta no rosto, a um metro de distância? Foi de propósito, claro. Dá para entender que, após tanto tempo de tensão, no meio do enfrentamento, o policial tenha perdido a cabeça e feito besteira (embora seu treinamento devesse prepará-lo exatamente para esse tipo de pressão); mas não dá para acreditar que não soubesse que estava atacando um jornalista que não fazia parte da manifestação, apenas a registrava para cumprir seu papel de informar.

                                                                        *******



                        Pobrezinho do policial... E se o fotógrafo fosse uma barata?  Já pensou o susto?

Nenhum comentário:

Postar um comentário