sexta-feira, 21 de junho de 2013

Arca do Tesouro

Le Serpent et La Lime

Jean de la Fontaine

On conte qu'un serpent voisin d'un Horloger
C'était pour l'Horloger un mauvais voisinage), 
Entra dans sa boutique, et cherchant à manger 
N'y rencontra pour tout potage 
Qu'une Lime d'acier qu'il se mit à ronger. 
Cette Lime lui dit, sans se mettre en colère : 
Pauvre ignorant ! et que prétends-tu faire ? 
Tu te prends à plus dur que toi. 
Petit Serpent à tête folle, 
Plutôt que d'emporter de moi 
Seulement le quart d'une obole, 
Tu te romprais toutes les dents. 
Je ne crains que celles du temps. 

Ceci s'adresse à vous, esprits du dernier ordre, 
Qui n'étant bons à rien cherchez sur tout à mordre. 
Vous vous tourmentez vainement. 
Croyez-vous que vos dents impriment leurs outrages 
Sur tant de beaux ouvrages ? 
Ils sont pour vous d'airain, d'acier, de diamant.    

Tradução em prosa: 


A Serpente e a Lima


Conta-se que uma serpente vivia vizinha de uma relojoaria. Um dia ela entrou na oficina atrás de alguma sobra, mas de comida, ali, nem cheiro. Nada encontrando para satisfazer sua fome e, com o apetite redobrado ao ver uma lima, se põe a roê-la.





A lima então lhe diz:

- Que pretendes fazer, pobre infeliz? Não vês que sou feita de aço? E que, antes de me prejudicar, você está prejudicando a si mesma? Não percebes que não terás dentes para usar, e eu continuarei intacta, pois não conseguirás tirar de meu corpo o menor pedaço? A mim nada causa contratempo. Os únicos dentes que podem me afetar são os dentes do tempo!

Assim como a cobra desta fábula, muitas pessoas acreditam que podem roer a vida de outrem, caluniando-os ou difamando-os com afirmações falsas e desonrosas a seu respeito.

Esta história se endereça a vós que só sabeis criticar, nada mais. A tudo e a todos mordeis, imprimindo a marca ultrajante de vossos dentes, mesmo sobre as obras-primas.


(ilustração de W. Aractangy -1993)

Enviado por Regina Alencar para a Navetta* em 30/05/2010

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