sábado, 8 de junho de 2013

Arca do Tesouro

Batatas

O Kikkeland* me deu uma ótima ideia. Noutro dia comentamos aqui certas traduções, normalmente mais chocantes em legendas de filmes, mas às vezes encontramos dessas batatas, bem visíveis, fáceis de identificar, em artigos e notícias traduzidos às pressas.




Quando você encontrar uma batata dessas, conte para o blog.

Títulos de filmes também são muito cômicos, às vezes.

Escreva para o blog e conte o que você lembrar e depois trocaremos figurinhas. Nem sempre é brincadeira. Muitas vezes é defesa da língua. Não que eu seja favorável à emparedar nossa língua, longe de mim. Acho imensa graça dos portugueses chamarem o mouse de rato, mas prefiro mouse.

Mas não precisamos exagerar: maciço é uma palavra portuguesa muito simples, de uso cotidiano, comum. O infeliz que traduziu maciço por massivo fez um mal enorme. Agora, é difícil alguma coisa ser maciça. São todas massivas.

O mesmo com fábrica. Se não tomarmos cuidados, todas virarão plantas.

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Agora, o que raramente farei, copiar os comentários feitos à época. É porque achei alguns irresistíveis!

Apelido: Incidental
Delicada1
Essa é ótima, Delicada!!!!!!!!!!!
Mas tenho uma boazinha também.
Uma vez, traduzindo o manual de um aparelho telefônico, deparei-me com uma frase já traduzida por outra pessoa. Em português, a frase informava que no telefone celular da marca XXX, modelo YYY, o usuário podia até escolher a pia batismal.
Brincando, comentei com meu marido (e companheiro de traduções) que aquela empresa talvez estivesse fabricando celulares para padres. Era só apontar o aparelho para a criança e surgia uma pia batismal!
Explicação: o original trazia a palavra "font", que no caso era o tipo de letra (fonte), mas o tradutor (?) resolveu usar outro dos vários sentidos da palavra FONT.


Apelido: Delicada1  
Incidental
Catálogos com erros gratuitos é o fim...o cliente deve ter tido um troço!
Lembro de um manual de instalação que continha uma frase assim: "Introduza o pinto no buraco exibido".
Imagino que tenha sido um erro de digitação (certamente o original era "pin = pino") mas imagine as gargalhadas ao ler o "manuel". :-))


Apelido: Incidental
Delicada1
A área de tradução de software é, talvez, uma das que mais contribui com a plantação de batatas. Faço trabalhos nessa área e, às vezes, é preciso quase "sair no braço" com alguns clientes para evitar erros crassos em nome da "consistência". Felizmente, tenho tido sucesso em grande parte das vezes.
Uma das anedotas que corre nesse meio (e que, infelizmente, é um caso real) é a frase "Error-free catalog" ter sido traduzida com "Catálogo com erros gratuitos" em vez de "Catálogo sem erros".


Apelido: Delicada1 
A empresas de software e hardware são mestres em "batizar" batatas.
O "introduzir" citado aí abaixo é uma delas.
E como eles exigem uma tradução consistente em todo o software, costumam enviar uma lista de termos com suas respectivas traduções, e ai do tradutor que não seguir o glossário.
E os os novos técnicos de TI? Usam tudo em inglês (aprendem assim na faculdade).
No caso de tradução de artigos de revistas técnicas, mesmo quando já existe uma tradução difundida para determinados termos, eles pedem aos tradutores que substituam as traduções pelos termos originais.


Apelido: Phandora  
Em tempo, sobre defesa da língua: nos EUA, todos os filmes, inclusive os para exibição em salas de cinema, são dublados, e nunca (ou muuuuuito raramente) legendados.
Trabalho eventualmente com tradução para dublagem, e aqui no Brasil é ao contrário: só os filmes infantis para cinema e TV são dublados - ou eventualmente alguma coisa considerada muito "pipoca", como comédias pra TV.
Essa discussão (dublar ou não dublar?) é antiga no meio das políticas de protecionismo de cada país a seus cinemas como "reserva de mercado" cultural. Pessoalmente não cheguei a uma opinião definitiva. Mas o Brasil tem hoje, sem dúvida, excelentes dubladores.
O melhor atualmente, na minha opinião, é o Guilherme Briggs (que tb. é diretor de dublagem).


Apelido: Phandora
A maior "batata" de que me lembro no momento foi na tradução literal de "um brinde" por "uma torrada" ("a toast"). Mas esqueci em que filme, sinceramente.
O + interessante é que, tempos depois, num episódio da extinta série "The West Wing", o presidente dos EUA, interpretado pelo Martin Sheen, brinda com um assessor e explica a origem da expressão "a toast" ... e tem a ver mesmo com torrada! Parece que na França ou na Inglaterra, pela época do Renascimento, colocava-se mesmo uma torrada dentro da bebida, pra dar sorte ou algo assim. Tiraram a torrada, mas ficou a expressão.
Ah, lembrei outra bem comum: "Carnival", que em inglês quer dizer "parque de diversões"; volta e meia vejo traduzida como "Carnaval" mesmo.
Essa de "jogar o papel" ... em francês acontece a mesma coisa ... "jouer un rôle" ... aff ...


Apelido: Incidental
Há alguns anos, uma graaaande empresa de software recomendava que o verbo "to introduce" fosse traduzido como "introduzir", e não como "apresentar", que seria o mais correto em vários contextos.
Quando um amigo meu abriu o manual do então recentíssimo sistema operacional "XXX", leu o seguinte: "Temos o prazer de lhe INTRODUZIR o novo sistema operacional 'XXX'."
Disse-me ele, na ocasião, que ficou muito preocupado...


Apelido: imc  
Outra enorme 'batata" é a expressão completamente sem sentido "jogar um papel," com o significado de desempenhar um papel ou uma função. É uma péssima tradução de "play a role". Em inglês o verbo 'play' é usado em vários contextos. 'Play games / cards', para jogos esportivos ou cartas de baralho; "play a musical instrument', tocar um instrumento musical; 'play" também como brincar e 'play a role' é o que fazem atores no palco ou nas telas. Já ouvi muita gente bacana dizer essa bobagem, repetida até pelo Lula - só que esse não é bacana de modo algum. E, na verdade, é um assasino contumaz do nosso belo idioma.


Nome: Jorge Rodini Luiz Filho  
Eu não aguento mais a palavra revisita..qquer vendedor de loja só fala isso.


Nome: Liana Campos Olivier  
O escritor Noah Gordon escreveu três volumes sobre uma dinastia de médicos.O primeiro foi The Physician (O Médico), que saiu no Brasil pela Ed. Rocco, com o título "O Físico - A epopéia de um médico medieval". Até hoje, acho incrível que ninguém da editora tenha visto o erro de tradução! Por sinal, o livro é muito bom!


Publicado originalmente na Navetta* em 29.6.2009
* Kiekkeland é o nome de um leitor 

2 comentários:

  1. Nossa, como eu me lembro desses comentários! Eu ainda era a Incidental.
    E quase 4 anos depois, ainda dei boas risadas. Vou pesquisar também e se tiver novidades, postarei sim, é claro!

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