segunda-feira, 3 de junho de 2013

Carlos Brickmann

Os homens invisíveis.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, tem toda a razão ao recusar-se a votar a Medida Provisória da Energia: onde já se viu dar aos senadores apenas um dia para ler, estudar, debater e votar uma resolução tão importante?

O presidente do Senado, Renan Calheiros, não tem razão nenhuma para não votar a MP da Energia. Um dia de prazo é a conta dele; na conta dos cidadãos, entre 28 de maio, quando a medida foi aprovada na Câmara, e 3 de junho, quando caduca, o prazo é de pelo menos cinco dias. Dava para ler, discutir e votar.

O problema é que, entre os interesses do cidadão e o feriado, Suas Excelências preferem o feriado. Aí vem a sexta, quando para eles o trabalho não é habitual. E há o fim de semana. Se um doente tiver problemas num feriado, seu médico irá atendê-lo. Se o eleitor precisa de algo num dia útil, mas que fique entre um feriado e o fim de semana, pode tirar o cavalinho da chuva. Trabalhar cansa.

Na quarta, 29, bateram o ponto 57 nobres senadores. Mas no plenário havia quatro. Assim não dá para examinar medida provisória nenhuma, seja qual for o prazo disponível (na Câmara, a situação é parecida: 333 senhores deputados bateram o ponto e havia quatro no plenário). Estavam lá para bater ponto e ganhar o deles; mas cuidar dos interesses dos eleitores não rende nada. É outra coisa.

Em resumo, ninguém tem razão. O Governo articulou mal; a Câmara demorou para votar (enquanto cada deputado estudava o melhor voto, para ele); o Senado tinha tempo para decidir, mas preferiu descansar.

Ninguém é de ferro.




Ganhando junto

O Tribunal de Contas da União apurou que 3.390 servidores federais ganham salários superiores ao teto do funcionalismo. Destes, 90% estão na Câmara e no Senado. O teto é de R$ 28 mil mensais, salário de ministro do Supremo. Total das despesas só com a parte que supera o teto: R$ 107 milhões por ano. E, como se vê na notícia anterior, o trabalho destes cavalheiros nem é tão cansativo assim.

Farra geral

No tumulto do Bolsa-Família, a Caixa descobriu que 692 mil famílias têm dois cadastros e recebem dois auxílios (talvez seja por isso que, como disseram à TV, haja quem compre jeans de R$ 300 para a filha e pingue mensalmente algum na poupança).

Custo do pagamento ilegal? R$ 100 milhões por mês.

Eu, hem?

A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, responsável pelo Bolsa-Família, preferiu esquecer a confusão e manter suas férias na Disney. Bobagem: se é para conviver com ratos, João Bafodeonça, um Pateta e os Irmãos Metralha, e se divertir com nossa cara de patos, melhor seria ter ficado por aqui.

Vai e volta

A ministra Tereza Campello volta amanhã. É essencial que esteja no país para acompanhar o rigoroso inquérito sobre o que ocorreu no Bolsa-Família.

A propósito, como já informou o ótimo escritor Luiz Fernando Veríssimo, rigoroso inquérito não é a mesma coisa que inquérito rigoroso: é exatamente o contrário.

É Brasil na cabeça!

O caro leitor deve festejar: desde ontem, pode trabalhar para ganhar seu sustento e o de sua família. Os cinco meses por ano em que trabalha apenas para pagar impostos terminaram na sexta, 30. A conta, segundo cálculos do IBPT, Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, inclui impostos, taxas e contribuições cobrados por União, Estados e Municípios. O mundo, mais uma vez, se curva ante o Brasil: enquanto nós, brasileiros, trabalhamos 150 dias por ano para pagar impostos, os mexicanos trabalham 91; os americanos, 102 dias. Só perdemos para a Suécia, 185 dias. Em compensação, poucos ali precisam de escola particular (inclusive para línguas), e a saúde está incluída nos impostos.

Público e privado

Enquanto em São Paulo o prefeito petista Fernando Haddad autoriza a derrubada de mais de mil árvores, muitas delas remanescentes da Mata Atlântica, para facilitar a construção de um condomínio particular de alto luxo, em Porto Alegre o prefeito José Fortunati, do PDT, luta contra manifestantes de um movimento que tem parceria com o Ministério da Cultura para derrubar 115 árvores e concluir a duplicação da Avenida Beira-Rio. Pelo jeito, derrubar árvores só é bom quando beneficia os interesses privados, não os públicos. Em Porto Alegre, as 115 árvores serão compensadas por 400, mais duas mil na revitalização da orla do Rio Guaíba; a derrubada tem licença ambiental e decisão judicial. A obra ficou 43 dias parada, enquanto os manifestantes se recusavam a sair.

Mas como lutar contra quem partidariza até mesmo árvores e arbustos?

Voa, dinheiro!

De Aziz Ahmed, O Povo: "(...) Sander Douma, que projetou o velódromo do Rio, classificou de loucura querer substituir o velódromo construído para o Pan-2007, afirmando que ele poderia ser utilizado na Olimpíada-2016. (...)

O ex-prefeito Cesar Maia alfineta: ‘Este custou R$ 14 milhões que, atualizados, seriam menos de R$ 20 milhões. O novo vai custar quase R$ 140 milhões".


Um comentário:


  1. O PT derruba árvores à torto e à direito e ninguém fala nada, vide a destruição feita pela ex prefeita Marta Suplicy em SP, quando acabou com o boulevard da Av. Cidade Jardim. Porém, quando o prefeito Kassab cismou (erroneamente, diga-se) de vender um terreno arborizado no Itaim Bibi, houve um auê, comandado pela atriz Eva Vilma, petista de primeira hora. Cadê essa turma? Onde estão os defensores da ecologia e do bom ar paulistano? o pior é que tudo é feito na dita "moita". A propósito, creio firmemente que esses arrastões que estão ocorrendo nos restaurantes de SP usam tática de guerrilha. Não se sabe onde nem quando ocorrerão. Me lembram tanto os roubos em bancos das décadas de 60/70.

    ResponderExcluir