sexta-feira, 14 de junho de 2013

Para a Hora do Chá


Modinha do empregado de banco 

Eu sou triste como um prático de farmácia, 
sou quase tão triste como um homem que usa costeletas. 
Passo o dia inteiro pensando nuns carinhos de mulher 
mas só ouço o tectec das máquinas de escrever. 

Lá fora chove e a estátua de Floriano fica linda. 
Quantas meninas pela vida afora! 
E eu alinhando no papel as fortunas dos outros. 
Se eu tivesse estes contos punha a andar 
a roda da imaginação nos caminhos do mundo. 
E os fregueses do Banco 
que não fazem nada com estes contos! 
Chocam outros contos para não fazerem nada com eles.

Também se o diretor tivesse a minha imaginação 
o Banco já não existiria mais 
e eu estaria noutro lugar.


Murilo Mendes

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