sexta-feira, 21 de junho de 2013

Para a Hora do Chá


Arte de amar

Não faço poemas como quem chora, 
nem faço versos como quem morre. 
Quem teve esse gosto foi o bardo Bandeira 
quando muito moço; achava que tinha 
os dias contados pela tísica 
e até se acanhava de namorar. 
Faço poemas como quem faz amor. 
É a mesma luta suave e desvairada 
enquanto a rosa orvalhada 
se vai entreabrindo devagar. 
A gente nem se dá conta, até acha bom, 
o imenso trabalho que amor dá para fazer.

Perdão, amor não se faz. 
Quando muito, se desfaz. 
Fazer amor é um dizer 
(a metáfora é falaz) 
de quem pretende vestir 
com roupa austera a beleza 
do corpo da primavera. 
O verbo exato é foder. 
A palavra fica nua 
para todo mundo ver 
o corpo amante cantando 
a glória do seu poder.

Thiago de Mello

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