domingo, 21 de julho de 2013

A palavra é de... Janio Ferreira Soares

Assis Valente e a espionagem americana

Não entendo o porquê de tanta surpresa por causa dessa atual bisbilhotagem dos Estados Unidos em nossos costados se, desde 1940, o genial compositor santamarense, Assis Valente, já dizia que o Tio Sam não só estava querendo conhecer a nossa batucada, como andou dizendo que o molho da baiana melhorou seu prato, o que o levou a querer entrar abaixadinho no cuscuz, no acarajé e no abará, chegando ao ponto de, pasme, arriscar alguns passos de samba pelos corredores da Casa Branca, conhecida nas quebradas estadunidenses como a casa de Ioiô e Iaiá.

Portanto, nada mais natural que os americanos permaneçam espionando nossas peculiaridades, apesar de não haver mais nada por essas bandas que valha a pena ser curiado – muito menos invejado.

Diferente de hoje, os relatórios preparados pelos espiões na época em que a nossa gente bronzeada estava perdendo a vergonha de reunir os seus valores para mostrá-los ao mundo através do batuque e do pandeiro, seguramente deixavam os ianques babando.

Também pudera. Eles narravam um tempo em que a Bahia se oferecia aos estrangeiros como um desses retratos em branco e preto imortalizados nos livros de Pierre Verger e na memória de quem teve o privilégio de conhecê-la, com seus bondes chispando trilhos e suas provocantes morenas cheirando a Cashmere Bouquet e a fragrâncias alavandadas, doces prenúncios de que logo mais o Tabariz estaria lotado de fantasias e desejos pecaminosos.

Leiam a íntegra no Bahia em Pauta

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