quarta-feira, 31 de julho de 2013

A palavra é de... Maria Helena RR de Sousa

Com saudade, mas com alívio

Ufa! foi o título do meu texto da semana passada. Eu imaginava, na ocasião, o alívio que sentiria com a volta do Papa para Roma, já que temia por sua segurança. Não conhecia seu extraordinário carisma, a força de sua personalidade cativante, nem a alegria e afeto que seu olhar transmite a todos que o olham de perto: impossível agredir um Homem desses...

Mas como com loucos não se brinca e sempre pode haver um louco numa multidão como a que se juntava em todos os lugares para onde Francisco ia ou por onde passaria, meu coração esteve inquieto o tempo todo.

O Papa crê em Deus e que sua hora está determinada por Ele. Mas rindo, diz: "sou um inconsciente, não tenho medo". E confessou também que é rebelde e que não obedece à equipe de segurança que o acompanha...

Rebelde? Tem jeito de ser é teimoso... Mas que pessoa simpática, afável, daquelas que sentimos que está ouvindo o que dizemos e se preocupando com o que ouve.

Sua Fé em Jesus Cristo e Sua Mãe, apesar de profunda, transborda. Por isso, é com muita pena que digo: Ufa! que bom que ele já está no Vaticano! Cansado, como ele mesmo admitiu, mas são e salvo.

Não por ele, que foi o visitante ideal.

Não deu trabalho, só trouxe alegria e carinho para uma cidade que anda precisando voltar a se sentir querida e acolhedora. O Rio sempre se orgulhou de ser a cidade que o Cristo abençoa e cuja estátua nos representava muito bem: de braços abertos para o mundo.

Mas o alívio ao ver que nada aconteceu com ele, o pregador destemido, nem com sua comitiva, compensa a tristeza ao vê-lo partir.

E, que a gente saiba, também nada de sério aconteceu com a meninada que veio dos quatro cantos do mundo. Animados pela Fé e pelas férias, coloriram a cidade. Eram milhões, e creio que, ao chegar em casa, terão muito a dizer sobre esta linda cidade e sua desorganização.

Espremida entre o mar e a montanha, o Rio é cidade complicada, não é fácil. Até hoje, sua beleza desculpou tudo. Mas chega desse êxtase: precisamos de administradores e legisladores que peguem as rédeas da cidade e revejam tudo que se refere a transportes, mobilidade urbana, e o sagrado ir e vir da cidade e seus bairros. Que exerçam seu poder com o que o Papa chamou de Humildade Social! E, sobretudo, que deem bons exemplos, para que os cariocas voltem a ser ligados à sua cidade e mais respeitadores das posturas municipais.

Copacabana foi quem mais se deu para o encontro com o Papa. A missa em 23 de julho; a cerimônia da acolhida, no dia 25; a Via Sacra, no dia 26; a vigília e a missa, nos dias 27 e 28. Que lindo cenário para realizações tão especiais. Deu lindas fotos, maravilhosas. Mas você já pensou o que é passar muitas e muitas horas sem poder sair de casa na hora que quiser ou precisar?

Bloquear as entradas de um bairro aos carros, só permitir acesso aos moradores com documentos que provassem onde moravam, não é solução... Segundo a Associação de Moradores, não há queixas, mas um pedido para que não se faça mais nada ali até o dia do Réveillon.

A solução Guaratiba, desde o primeiro dia, me pareceu uma loucura. Quem foi ao Rock in Rio em 1985, o primeiro, o daquele lamaçal insalubre, temia pela sorte do Campus Fidei. Eis um bom exemplo daquilo que o Papa falou: descartam os idosos, não ouvem o que eles dizem e, portanto, não aproveitam nossa experiência.

Temos outras praias, outros descampados para receber multidões. Espero que comecem a pensar neles para os eventos festivos que a FIFA e o COI motivarão. Que não se fiem no sucesso da JMJ. Essa foi arquitetada em outro departamento...

Naquele... o da Fé, Esperança e Amor.

Escrita para Brickmann & Associados

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