domingo, 14 de julho de 2013

Arca do Tesouro

Relojoaria – Relógio Carrilhão (1598)

Muitos foram sempre os motivos para o homem marcar o Tempo decorrido. Sua própria subsistência dependia disso. Mas outras razões foram surgindo como justificar a importância de cada indivíduo ou grupo de indivíduos pelos elos com o passado; organizar a sociedade em que viviam; estabelecer a linhagem familiar ou dinástica.

Descoberta e registrada a regularidade das mudanças que marcavam os dias e noites e a passagem de um período determinado, as estruturas de marcação do Tempo foram sempre um acordo feito entre as pessoas que viviam pelas datas do registro escolhido.

Para os cristãos, durante muitos séculos, o calendário da Igreja era o que regulava suas vidas. Os dias santos transformaram-se nos marcadores para determinados compromissos ou eventos e isso era acompanhado por todo o grupo social que criou e aceitou a data.

O exemplo mais forte é o “antes de Cristo” ou “depois de Cristo”, marcação que orienta, informa e na qual se estruturou a maioria do mundo moderno, e que na realidade não está baseada em uma data específica, já que não se pode garantir a data exata do nascimento de Jesus Cristo.

Outro exemplo da força do calendário cristão era a data escolhida pelos britânicos para pagar seus impostos: o Dia da Anunciação de Maria, 25 de março.

Na Inglaterra de Elizabeth I, já no final de seu reinado (ela reinou de 1558 a 1603) os relógios carrilhão ainda eram muito raros enquanto que em outras partes da Europa, como Alemanha e Países Baixos, eram uma tradição.




O relógio que hoje mostramos é desse tipo: a cada quarto de hora, os treze sinos montados no topo da caixa tocam um trecho de música diferente. As horas também são marcadas por um sino, maior e separado dos outros. Também é dos primeiros exemplares com dois ponteiros montados concentricamente no mesmo espaço para indicar as horas e os minutos.

Chamado Relógio Carrilhão de Interior, ou de Mesa, tem uma alça pela qual pode ser transportado. É criação de Nicholas Vallin, natural de Lille, Flandres, que em 1580 foi para a Inglaterra com seu pai John, onde abriram uma relojoaria e oficina de ourivesaria que rapidamente fez seu nome brilhar.

Altura: 58,42 cm.

Acervo Museu Britânico, Londres


por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Da série Obra-Prima do Dia publicada originalmente no Blog do Noblat (25/1/2012)

Nenhum comentário:

Postar um comentário