sexta-feira, 12 de julho de 2013

“Dia Nacional de Luta” fracassa e lembra um filme de época, por Ricardo Kotscho


Em São Paulo, meio-dia, hora marcada para o início do principal ato de protesto organizado para o "Dia Nacional de Luta" pelas centrais sindicais nesta quinta-feira fria e ensolarada na maior cidade do País. Da avenida Paulista, a umas dez quadras de onde moro, vem um alarido que me lembra carro de som, velhas palavras de ordem entoadas pela multidão, que na verdade se resume a umas 2.000 mil pessoas (mais tarde, chegaria a 4.000 mil, segundo a PM). Luta contra quem, para quê?

Se era para ser um contraponto às oceânicas manifestações de junho convocadas pelo facebook, sem líderes nem palanques, o movimento das centrais deu com os burros n´água, como se dizia no tempo em que os sindicatos mobilizavam as massas já nos estertores do regime militar, no final dos anos 1970.

São Paulo não parou, nem qualquer outra grande cidade do País, como havia anunciado o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, boquirroto presidente da Força Sindical. Ao contrário, os congestionamentos foram muito menores do que a média dos dias normais, com ruas desertas de carros e gente como em dias de feriado _ não pela prometida "greve geral", mas pelo simples e bom motivo de que boa parte dos paulistanos preferiu não sair de casa com medo de confusão e de não conseguir voltar.

Ao ver pela televisão as imagens dos sindicalistas marchando em direção à Paulista, cada lado com seu uniforme _ os da CUT, de vermelho; os da Força Sindical de laranja _ carregando suas bandeiras padronizadas e empunhando as mesmas faixas de outras manifestações, dei-me conta de que este protesto de hoje nada tinha a ver com os que inundaram as ruas do País no mês passado, numa cacofonia de vozes, policromia de tipos e multiplicação de mensagens, sem roteiro e sem diretor.

Agora, parecia estar vendo um filme de época, em branco e preto, absolutamente previsível, trazendo de volta antigos discursos e personagens de um tempo que passou.

Leia a íntegra em Blog do Ricardo Kotscho

2 comentários:


  1. Muito bem analisado. Para mim essa manifestação foi tiro no pé. Aqui em SP, ni fá ni fu, como dizem em Caracas. Ou seja, não serviu de nada (ou quem sabe, serviu para confirmar o que as massas disseram em junho. Bj

    ResponderExcluir
  2. Adorei a expressão. É ótima. Vou adotar. bj, Lilyane.

    ResponderExcluir