sábado, 20 de julho de 2013

Fia-te na Virgem e não corras... por Maria Helena RR de Sousa

Começo por um erro grave, ensinar o Pai Nosso ao Vigário, e que Vigário! Logo o Vigário de Cristo.

Mas como eu o tenho como Papa, ou seja, o representante de Deus Pai aqui na Terra, ele há de me ter como sua filha e os filhos devem honrar e zelar por seus pais. É o que faço neste momento.

Ele é de 1936 e eu sou de 1937. Como sabemos os dois, não nos tornamos mais sábios com a idade, apenas mais vividos, mais experientes.

Uma das lições que a duras penas aprendi foi a obedecer, seguir instruções. Sou rebelde por natureza, mas a vida, sempre que eu quis ultrapassar a linha do bom senso, deu-me um bom de um tropeção.

Por isso, mais a admiração pelo Papa Francisco e o amor por minha cidade e meu país, não me furto a ser intrometida e a lhe dar um conselho: acho melhor o Vaticano atender nossas autoridades de Segurança e seguir as instruções religiosamente...

Creio ser imprudente trocar o papamóvel por um jipe aberto, assim como é um risco desnecessário ir ter no Palácio Guanabara para o encontro com o governador e o prefeito.

Não só não é prudente como também pouco delicado. Quem recebe diz onde será a festa, qual o horário, o traje adequado, etc.etc. e cabe ao convidado respeitar o hospedeiro. E esse pediu ao Papa que mantivesse o papamóvel blindado e que trocasse o local do encontro com nossas autoridades.

O Vaticano manda em Roma, aqui, não.



                                   A Virgem com o Lírio, Eugène Delaplanche, Musée D'Orsay


Se acontecer alguma coisa, um arranhão que seja na lataria do jipe, a culpa não será do Brasil, mas sim do convidado que quis se mostrar mais confiante do que o necessário. Mas até que o mundo perceba ser esse o fato...

Há várias pendengas entre a Igreja Católica e a sociedade brasileira. Não preciso listá-las. Todos sabem quais são. E não acredito que estando como estamos nestes dias, fósforo e palha seca, não vá haver manifestantes querendo cobrar da Igreja Católica o que ela não pode dar.

Meu medo maior é que o Papa, ao aparecer como Chefe de Estado, e Sergio Cabral, ao tentar amainar o sentimento negativo que desperta nos cariocas, surjam lado a lado.

Aí, realmente, o Papa em vez de ser o Vigário que os meninos esperam, será um agente provocador.

Não sei, imagino que ninguém saiba, quem é o instigador dos marginais travestidos de manifestantes que surgem quase sempre ao fim das passeatas, e lá aparecem com o intuito de depredar, roubar e estimular a polícia a agir com a violência que começa a impedir que os cariocas apoiem as manifestações. Mas sei que ele estará atento...

A juventude sem máscaras, de cara limpa, que sacudiu o Brasil em junho, merece que os jovens do mundo inteiro a ela se unam para ouvir as palavras do Pastor que lhes dará alento para que continuem a exigir de seus governantes aquilo que lhes é devido.

A verdadeira bênção seria o Papa Francisco estar no meio dos jovens como seu Vigário e, em nenhum momento, como Chefe de Estado.

A.M.D.G.


Publicado originalmente no Blog do Noblat em 19/07/2013

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