domingo, 7 de julho de 2013

Mulher dá à luz na calçada, em frente a hospital de pronto atendimento em Copacabana

Miguel Caballero e Márcio Menasce, O Globo





Uma mulher entrou em trabalho de parto dentro do supermercado Pão de Açúcar, na Rua Siqueira Campos, em Copacabana, Zona Sul do Rio, por volta das 16h deste sábado. A gestante foi socorrida por clientes do supermercado e pedestres, que acionaram o Corpo de Bombeiros, e foram à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) próxima para pedir ajuda.

Segundo o morador Ricardo Novaes, que passava pelo local, funcionários da UPA, no entanto, informaram que nada poderiam fazer para ajudar e se recusaram prestar atendimento. Além disso, segundo ele, os bombeiros demoraram a chegar ao local.

O parto improvisado foi realizado com a ajuda de uma mulher que passava por ali e sob os olhares do pai - e só depois de vários minutos a mãe, Mônica Arouca de Souza, foi atendida por um médico e enfermeiras de um hospital de Pronto Atendimento da Unimed, que fica bem em frente ao local, do outro lado da rua. Antes de entrar com a esposa e a filha recém-nascida no hospital, o pai contou rapidamente que eles tinham ido à UPA do bairro momentos antes, e que foram orientados a voltar para casa. No meio do caminho, nasceu Maria Eduarda.

Foram minutos com toques de surrealismo na esquina de Copacabana. De repente, uma agitação e rapidamente a notícia se espalhou em lojas e restaurantes daquela quadra.

Cercada por dezenas de curiosos, a mãe aparentava calma. Logo as pessoas se deram conta do hospital da Unimed, que fica bem em frente ao supermercado. Na recepção, um médico e duas enfermeiras alegavam que não podiam deixar o local, o que gerou revolta. Durante cerca de cinco minutos, foi aumentando o número de pessoas na porta do hospital, protegida por dois seguranças. Gritavam que era obrigação dos médicos atendê-las, os acusavam de omissão de socorro e quando uma enfermeira disse "tragam ela para cá que atendemos", o tempo quase fechou de vez.

Enfim o médico e três enfermeiras concordaram em atravessar a rua e prestaram atendimento a Mônica. Um bêbado quase derramou o copo de cerveja sobre as enfermeiras enquanto repetia "isso é a coisa mais linda do mundo", até ser afastado por um policial. O atendimento era prestado ali mesmo, na calçada, o que gerou nova tensão: as pessoas exigiram que a mulher e a bebê fossem levadas para dentro do hospital. "Vocês não podem fazer isso aqui", gritavam. Logo chegou a maca que levou mãe e filha, sob aplausos, risos nervosos e certa comoção geral. Com tanta gente em volta, era preciso se esforçar para conseguir ouvir o primeiro choro de Maria Eduarda.

Pelo menos três pessoas entre as dezenas que estavam ali compararam a pressão e a exigência de que Mônica e o bebê fossem atendidos pela unidade hospitalar particular às manifestações populares das últimas semanas no país. "Agora ninguém mais aceita as coisas calado, onde já se viu?", disse uma senhorinha de Copacabana.
— Estão passando muito bem as duas, tanto a mãe quanto o bebê. A gente levou elas lá para dentro, fizemos toda a limpeza, os cuidados e está tudo bem — contou uma enfermeira que participou do atendimento.

A ambulância do Corpo de Bombeiros só chegou depois disso tudo. Cerca de 20 minutos depois de terem entrado no Pronto Atendimento da Unimed, pai, mãe e bebê foram levados pela ambulância dos bombeiros para o hospital municipal Miguel Couto, na Gávea.

De acordo com a Secretaria estadual de Saúde, a paciente Mônica Arouca de Souza, grávida de 8 meses, deu entrada na UPA apresentando dor abdominal e contração.

"A paciente foi atendida e constatada a necessidade de transferi-la para uma maternidade ou hospital que contasse com obstetra. Como a ambulância da UPA de Copacabana estava realizando atendimento, a paciente não aguardou que se buscasse outra ambulância e deixou a unidade de saúde à revelia", diz a nota enviada pelo órgão.

Para a Unimed, não houve negativa de atendimento, que ocorreu de forma imediata.

"A paciente e a criança recém-nascida foram, num primeiro momento, atendidos em via pública, uma vez que o nascimento da criança já havia acontecido. Depois ambos foram encaminhados para a unidade para avaliação e primeiros atendimentos. Posteriormente a família foi transferida para unidade pública de saúde. A equipe da unidade prestou o socorro adequado ao momento. A criança e a mãe estavam estáveis e em boas condições quando foram transferidas da unidade", informou a empresa.

O Corpo de Bombeiros, por sua vez, informou que o pedido de atendimento por telefone foi realizado às 15h50min. Ainda segundo a corporação, a equipe chegou ao local 18 minutos depois, às 16h08min.

O Globo

2 comentários:

  1. Definitivamente, os Deuses estão contra o sr. Cabral (ou o sr. prefeito, não sei exatamente). Menos mal que tudo, aparentemente, terminou bem.

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    1. O povo não está mais disposto a ser vaquinha de presépio, notou? Isso é muito positivo. Quanto à pequenina, tomara que ela cresça num novo Brasil. bj, MH

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