sábado, 13 de julho de 2013

Para a Hora do Chá


Soneto à Fotografia 

Libertar-se ligeiro da moldura 
é o desejo da face, onde, o desgosto 
emigrado do poço de água impura, 
vai se aninhar na hora do sol posto.

Do lugar da prisão vem a tortura, 
pois vê, do seu retângulo, teu rosto 
e acorrentado na parede escura, 
não pode engravidar-te para agosto. 

Guarda ainda no olhar instante e viagem: 
o instante em que foi presa pela imagem 
e o roteiro que fez em mundo alheio. 

E eterna inveja do seu sósia ausente 
que, embora prisioneiro da corrente, 
habita num subúrbio do teu seio. 

Carlos Pena Filho

Nenhum comentário:

Postar um comentário