domingo, 7 de julho de 2013

Para a Hora do Chá

Soneto

Não se passa, meu bem, na noite e dia
Uma hora só, que a mísera lembrança
Te não tenha presente na mudança,
Que fez, para meu mal, minha alegria

Mil imagens debuxa a fantasia,
Com que mais me atormenta e mais me cansa:
Pois se tão longe estou de uma esperança,
Que alívio pode dar-me esta porfia!.

Tirano foi comigo o fado ingrato,
Que crendo, em me roubar, pouca vitória,
Me deixou para sempre o teu retrato:

Eu me alegrava da passada glória,
Se quando me faltou teu doce trato,
Me faltava também dele a memória.

Cláudio Manoel da Costa

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