quarta-feira, 10 de julho de 2013

Tem mentalidade nova aí, por Ateneia Feijó

Fácil entender o significado de um plebiscito. Ou seria... Se a presidente Dilma não quisesse “enquadrar” a voz (que diz ter ouvido nas ruas) em um plebiscito para uma reforma política a toque de caixa. Ora, quem pediu isso?

Não que alguém seja contra consultas populares, mas o que se ouviu com nitidez durante as manifestações de junho, nas principais cidades brasileiras, vai em direção divergente. Quer dizer, a maior cobrança foi por mudança de modelos. Entre eles, o tipo de reforma política pretendido pela presidente.

Por que sobraria para os cidadãos o “dever” de sintetizar como se fazer tal reforma, a partir de uma lista previamente imposta de opções? Seria “castigo” pelas reivindicações? Ou não cabe mais ao Congresso captar e, com seus assessores e computadores, trabalhar sobre questões expostas nas vias públicas?

Parece que os líderes “tradicionais” subestimam os eleitores jovens. Que, no momento, têm a maior representatividade demográfica no país.

De arrepiar? Sim; para o bem e para o mal. A revolução digital aumentou a distância entre gerações, politicamente falando. Nem tanto por habilidades, ou por falta delas, para lidar com ferramentas eletrônicas. Mas por serem gerações culturalmente diferentes.

A percepção de mundo é outra; os desejos e valores também.

Foi-se a privacidade. Em contrapartida, deseja-se o fortalecimento da ética; exige-se transparência das intenções. Além de práticas honestas em prol da sustentabilidade.




Apartidária (e suprapartidária), essa juventude tem dificuldade de compreender militantes fervorosamente partidários e eles, por sua vez, de compreendê-la.

Virou mantra dizer que era futuro este mundo novo que está aí. Então, o que adiantaria um plebiscito para mexer em um sistema mantendo-o verticalmente antigo? Ou correr o risco desse sistema ser reformatado para ganhar apenas mais poder? Não daria para curtir.

A verdadeira mudança está em outra mentalidade. Sim... Gerada a partir do acesso à informação, muita informação, regional ou globalizada, e redes sociais. Nas quais cabem políticos sérios por vocação, cabe candidatura independente. Quem não percebe?

Um exemplo são algumas propostas da ex-senadora Marina Silva, como a de acabar com a reeleição no Executivo. Ou a de que a turma do legislativo só possa se eleger a dois mandatos no mesmo cargo. Ah, tem o famoso “recall” para políticos, defendido pelo ministro Joaquim Barbosa.

Boas novas. Desde que haja garantia de tolerância com as diferenças.


Ateneia Feijó é jornalista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário